quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Games que ajudam a aprender

“Consegui me lembrar de todo o mapa da Itália na prova porque já tinha visto no game”, comemora Carlos Rodrigo Frazão.
 
“Somos a geração dos computadores, essa é a nossa linguagem. Não há forma melhor de conquistar a atenção dos jovens”, diz Lara Duarte Santi.
 
“Fica muito mais fácil e a gente não esquece nunca”, garante Tiago Furlanetto.
 
É assim que os três estudantes de 15 anos, do 1º ano do Ensino Médio do colégio Dante Alighieri (São Paulo), expressam o prazer em aprender com o uso de games – uma ferramenta inovadora e ainda alvo de polêmica dos educadores da linha mais tradicional.
Para Carlos, Lara, Tiago e tantos outros jovens, não importa o número de horas dispendido em frente ao computador, vale tudo para descobrir como chegar à última fase do jogo, comprar revistas especializadas e, claro, trocar dicas com colegas.
Quando os jogos de computadores se tornaram uma febre a partir da década de 1990, pais e professores viram os games como o inimigo número 1 da educação.
A maioria se preocupa que o hobby se transforme numa obsessão e que os adolescentes deixem a escola e os compromissos de lado para se dedicarem exclusivamente às tramas virtuais.
Mas se os jovens se interessam tanto por games, por que não usá-los na escola? Foi o que diversos educadores começaram a fazer.
Jogando e aprendendo
Em oficina apresentada durante o Dante Digital, encontro para intercâmbio de atividades de tecnologia educacional entre escolas públicas e particulares, estudantes e professores, realizada em 23 de outubro no colégio Dante Alighieri e que já está em sua quarta edição, a pedagoga Cláudia Stippe mostrou o quanto o game pode auxiliar no aprendizado dos estudantes.
“O game deve ser usado como uma atividade ‘disparadora’, para que os alunos possam estudar e desenvolver seu conhecimento”, diz Cláudia.

O game “Age of Empire – The Age of Kings”, da Microsoft, foi o escolhido para ilustrar a proposta de apoio educacional. Verdadeiras batalhas históricas são travadas no computador, com cenários e uma riqueza de detalhes de impressionar. O game é calcado em estratégias e o jogador pode escolher se prefere conquistar o mundo usando relações comerciais, força militar ou regicídio (assassínio de rei ou rainha).
Os cerca de quinze alunos que participaram da oficina, de Ensino Médio e Fundamental, demonstravam intimidade com o game e com a tecnologia em geral. Logo estavam tão absortos em suas estratégias que tiveram a idéia de jogar em rede. Comentavam suas jogadas e não tiravam os olhos da tela, completamente extasiados com a possibilidade de aprender e se divertir ao mesmo tempo.
Matemática, inglês, história... os games ajudam a aprender de maneira interdisciplinar. “Várias perguntas de vestibular fazem referência às Cruzadas, que são exatamente o tema de uma das campanhas do “Age of Empire”. Quando os professores percebem que os alunos assimilam muito melhor o conteúdo quando aprendem com prazer, deixam de ter preconceito com os jogos”, afirma Cláudia Stippe.
Lembra da Lara, do início do texto? Ela tem uma ótima sugestão: “gostaria que esse apoio às aulas fosse incluído na grade escolar”.
Tiago, colega de Lara do 1º ano, outro entusiasta dos games na escola, emenda: “Ao invés de ter que ficar lembrando dos conteúdos do livro de Inglês, por exemplo, a gente acaba lembrando do que viu no jogo.”
E o amigo Carlos, que considera normal aprender conteúdos escolares por meio dos joguinhos que os pais tanto detestam, conclui para gargalhada de todos: “Sabe quais são as primeiras palavras que os meninos aprendem em Inglês? “Game Over” e “Reset”.
Essa é a geração dos games. E, como deu para ver, se os professores aprenderem a usar os jogos em suas aulas, os alunos não vão reclamar de estudar até mais tarde.